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sábado, 10 de julho de 2010

MULHERES IRMÃS



Ontem ao chegar em casa após uma semana de muito trabalho, minha alma suplicava por música relaxante, vento pra navegar em sonhos e uma rede na varanda com direito à contemplação do céu estrelado. Contrariando a sabedoria do meu ser, joguei-me no sofá diante da insípida televisão que maquiavélicamente invadiu o meu cansaço com notícias dolorosas que despertaram um sentimento de irmandade profundo.

Irmanada com todas as Mércias,Elizas,Isabelas,Marias e com as inúmeras mulheres que morrem diariamente por motivos passionais, me perguntava onde estaria o instinto de sobrevivência e o tão falado sexto sentido que poderia tê-las salvado de escolhas tão fatais. Que feridas íntimas alimentadas por uma cultura que oprime, empurram a mulher para o abismo de si mesma?

Muitas, ilusóriamente, não percebem como suas vidas são esculpidas pra que caminhem em direção ao predador, àquele que as fragilizam, que esgota suas energias e as tornam incapazes de fixar seus limites. E esse cego envolvimento fazem-nas domesticadas não sabendo mais voar como pássaros livres, alegres e com a percepção aguçada que pressente tempestades e armadilhas. Alvos frágeis, torturadas e silenciadas chegam aos consultórios com pedidos de socorro, afastadas do seu Deus interior, procurando abrigo no intelectualismo, no trabalho, na depressão ou então em relacionamentos ingenuamente fantasiados.

Que a minha lágrima não corra sózinha, mas possa se unir a muitas outras e formar um rio que nutrirá as sementes de uma nova consciência que acredito fazerem morada no útero de todas nós, capaz de despertar um jeito de ser mulher mais respeitoso, digno que resgate o direito de pensar, sentir, fazer e Ser.
Ruth Janiques