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sábado, 27 de março de 2010

O que queria ISABELA?



Hoje pela manhã deparo-me com o resultado do julgamento dos Nardoni: CONDENADOS. Mas, eles não confessaram e inúmeras outras Isabelas inocentes estão morrendo a cada minuto, apenas, por pertencerem à famílias disfuncionais e emaranhadas em suas histórias doentias.

Um sentimento de dor profunda se instala no meu coração e fico tentando descobrir o amor em cada atitude desesperada dos personagens dessa tragédia.

Em todos nós,sem excessão,coabita um lado positivo e outro negativo da personalidade. Vivendo num mundo de polaridades,nossa consciência interna está separada em julgamentos de valores bons ou maus e assim nos identificamos com um lado e ilusóriamente pensamos que o outro lado está fora ou inexiste.

O que aconteceu com esse pai que não conseguiu honrar essa filha em sua vida e em sua nova família? Essa filha representava uma parte de si próprio e também uma parte da mãe e do amor que a gerou. Será que foi exatamente isso o que ele arremessou pela janela? Será que esse homem precisava interromper a vida que estava levando e sua escolha foi através da destruição de uma parte sua, imaculada e pura, para livrar-se de uma culpa feroz? Se ele tivesse dado um lugar em seu coração pra mãe dessa sua filha, com certeza Isabela estaria VIVA!!!

Segundo Bert Hellinger, psicoterapeuta alemão, os sistemas familiares são regidos por leis ou ordens que se violadas promovem um desequilíbrio no fluxo sadio das relações e dos membros que o compõe. Uma dessas ordens é a da precedência, ela se orienta pelo começo, aquele na hierarquia familiar que chega primeiro tem prioridade. Então, na constituição de um novo casamento, seria importantíssimo, o respeito e reconhecimento à familia anterior.

Parece que a madrasta de Isabela não conseguiu prezar essa lei. Quais seriam as pressões exercidas nessa mulher? O que ela traz de seu próprio sistema familiar? Será que ela também não quis romper com o destino pesado que tinha escolhido ao casar-se com esse homem? Como a sombra e a escuridão do seu ser foi alimentada pra que saísse de forma tão hedionda?

Bert Hellinger afirma de forma contundente que a mãe é quem dá a vida e também é quem leva o filho pra morte.

E a mãe de Isabela? É vítima? Vítima e algoz estão enredados na mesma teia. Quem realmente seria essa filha na vida dela?

Qual a sociedade que esse crime está inserido?
Durkheim define crime como uma ofensa à constituição coletiva e dá-se com mais frequência quando as normas e condutas impostas nesse momento já não são legítimas e se impõe uma alteração para novas regras e leis.

Quero acreditar que nada foi em vão e que toda essa dor possa também ser uma promessa de mudança moral e de uma afirmação da vida. Nenhum de nós pode negar o quanto nossa vida foi tocada por esses acontecimentos e acredito que seria útil perguntar-nos interiormente qual é a nossa participação nisso tudo? O que devo ver aqui como lição nessa minha jornada?

Terminando esse texto e ainda repleta de indagações, me vem a imagem de Isabela talvez num jardim bucólico olhando pra tudo e pra cada um. Agora é capaz de sorrir pois conseguiu retirar-se desse mundo de ilusão, desde muito tempo (mesmo dentro de tão pouca idade)queria partir e não sabia como fazer. Só não esperava que fosse exatamente seu pai quem iria dar a ela a experiência de ser amada incondicionalmente.

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